Santa Emilie de Villeneuve - Fundadora

A vida de Emilie de Villeneuve não é extraordinária. Extraordinário será o rumo que ela dará à sua vida, pautando a nos desígnios de Deus, construindo um caminho diferente do que lhe seria reservado por sua condição de nobre e de mulher, abrindo-se generosamente ao Espírito que, naquele momento e naquele lugar, a impulsionava a agir concretamente, mas a olhar sempre mais longe.
Emilie era a terceira filha de Louis de Villeneuve e Rose d`Avessens e nasceu em Toulouse, no sul da França, no dia 9 de março de 1811. Os pais haviam escapado da Revolução de 1889 e construíram sua família sobre valores morais e cristãos, sem ostentações, mas com disciplina e respeito.
Fatos tristes marcaram a infância e a adolescência de Emilie: a morte precoce de sua mãe e de sua irmã, o que foi forjando um caráter forte, discreto, de emoções sinceras, mas pouco dado a grandes manifestações sentimentais.
Com o correr dos anos e das constantes obrigações políticas de seu pai, ela passou a administrar o castelo da família, desenvolvendo um profundo senso de organização e economia, e a dedicar-se mais aos pobres com quem tanto se preocupava.
Aos vinte anos, começava a etapa decisiva de sua vida: a opção por cuidar dos pobres e o desejo de ser totalmente de Deus. Isso era o que lhe inquietava o coração, enquanto a realidade era a administração da propriedade, a oposição da família, a caridade generosa, o aprendizado com o espírito empreendedor do pai, uma compreensão mais complexa da vida dos pobres.
Assim, no dia 08 de dezembro de 1836, após um curto noviciado junto as irmãs da Visitação de Toulouse, com o apoio integral do bispo de Albi e diante da população que acompanhava admirada a cerimônia de vestição e o compromisso dos votos, Emilie de Villeneuve, com mais duas companheiras, fundou a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Imaculada Conceição.
Emilie morreu vítima de uma epidemia de cólera na França no dia 2 de outubro de 1854. Morreu silenciosa e discretamente, assim como viveu, como uma chama que se extingue, depois de iluminar até o último instante de suas forças. Ela foi a única vítima fatal. Em 5 de julho de 2009, ela foi beatificada, após o reconhecimento oficial, por parte da Igreja, de um milagre realizado por sua intercessão, em favor de Binta Diaby, uma jovem africana desenganada pelos médicos, vítima de infecção generalizada. Anos depois, foi na cidade Petrolina-PE, no sertão do Brasil, que ela intercedeu em favor da pequena Emily Souza, que teve a vida salva, após sofrer uma descarga elétrica, sob o risco de sequelas gravíssimas. O Papa Francisco a elevou aos altares dos santos, no dia 17 de maio de 2015, em cerimônia realizada na parça do Vaticano. Além disto, há registro de inúmeras graças alcançadas por intermédio da Bem Aventurada Emilie de Villeneuve que, carinhosamente chamamos de Nossa Boa Madre.

1904: Chegada das Irmãs ao Brasil

 As primeiras Irmãs Azuis chegaram ao Brasil em 26 de outubro de 1904, na cidade de Cuiabá (MT) e iniciaram a missão no Asilo Santa Rita. Quatro anos mais tarde, abriram um pensionato e externato, e atendendo às necessidades das famílias mais pobres, um curso de trabalhos manuais. 

Em 1º de janeiro de 1907, mais quatro irmãs azuis francesas chegaram a São Luis de Cáceres (MT) para morar numa casinha humilde que mais tarde se transformou no Colégio Imaculada Conceição. Em 1936 iniciaram trabalho no Hospital de Cáceres.

O ano de 1928 marcou uma nova etapa para a Congregação das Irmãs da Imaculada Conceição de Castres no Brasil. Uma comunidade azul estabeleceu-se em Poconé, município localizado a 100 quilômetros de Cuiabá. Lá fundaram o Asilo de Poconé, a Escola Madre Luiza Bertrand e, em 1955, iniciaram trabalho no Hospital de Poconé.

Em 14 de julho de 1941 chegaram à cidade de São Paulo (SP) e, no ano seguinte, inauguraram o Colégio Notre Dame. Em 1º de julho de 1949 fundaram o primeiro juvenato da Província no Notre Dame e, cinco anos mais tarde, o Noviciado na Comunidade Emilie de Villeneuve para as futuras irmãs da Congregação no Brasil que até então dependiam da Argentina para realizar seus estudos de introdução na vida religiosa. Em 1955, inauguraram o Colégio Emilie de Villeneuve.

Em 1959, já com mais de 50 religiosas atuando em Mato Grosso e em São Paulo, e em função da distância em relação à Argentina, a quem as Irmãs respondiam até então, o Brasil tornou-se, em 1º de novembro, uma Província. Esta reunia as casas religiosas e as irmãs da ordem no país, sob a coordenação de uma provincial. As instalações do Instituto Emilie de Villeneuve passaram a abrigar também, além da escola e da Casa de Formação, a sede da Casa Provincial da Congregação no Brasil, que coordenava as casas de Mato Grosso e São Paulo.

A partir daí, a missão das Irmãs Azuis foi crescendo e novas comunidades foram surgindo, fazendo que estejam presentes em Santa Catarina, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Piauí, São Paulo e Pernambuco.